The Expanse: A Telltale Series – Um retorno tímido da Telltale, mas com narrativa de qualidade
Há 11 anos, a Telltale Games surpreendeu o mundo dos jogos com o primeiro episódio da sua adaptação de The Walking Dead. Logo o jogo se popularizou por contar uma história paralela aos eventos contados pela HQ de mesmo nome, mas com uma qualidade de narrativa que pouco era vista nesse mercado.
Além de uma história muito bem contada, o jogo também apresentava um sistema de escolhas onde o percurso do personagem poderia mudar dependendo das suas decisões e sua relação com os outros personagens da trama. Claro que além de The Walking Dead, o estúdio também fez muitas outras adaptações que acabaram ganhando o gosto de muitos jogadores.
Agora foi a vez de The Expanse entrar em foco e a Telltale quer mostrar que ainda tem muita vontade de contar novas histórias e mostrar novas experiências. Mas, como que The Expanse se sai?
The Expanse: Expandindo o universo
Assim como em The Walking Dead, The Expanse se trata de uma história paralela à apresentada pela série de TV. Aqui retornam a atriz da série de TV, Cara Gee, que empresta a voz para fazer o papel de Camina Drummer, que apesar dos bons discursos na série aqui está muito mais contida. Entretanto, a ambientação do jogo é muito bem produzida e, como a atmosfera é o silêncio do espaço, até que faz sentido os ânimos nas vozes estarem mais tímidos.
Aqui você entra na pele dela como uma tripulante da nave Artemis. Você tem um tipo de acordo com o capitão, com promessas de que o trabalho dará muitos recursos. De forma muito natural toda a tripulação é apresentada ao jogador: Todos já se conhecem há muito tempo, mas o jogo não joga uma parede de texto ou de diálogos para tentar fazer o jogador acompanhar tudo.
Os desenvolvedores mostram aqui a maestria de fazer tudo acontecer de uma forma que não fica cansativa para os espectadores, e até prendem a atenção para querer saber o que acontece. A atuação dos personagens também é muito boa, com expressões faciais bem claras e que passam legitimidade dos sentimentos de cada um.
São atuações que convencem bastante e a tripulação tem seus sotaques, pois podemos fazer um comparativo que os personagens são de várias regiões do mundo. A consequência disso é que a diversidade expande muito a visão de quem está assistindo e reforça a boa sensação de acompanhar, agradando muito os espectadores de uma livestream.
Porém há uma voz, a da personagem Khan, que é bem evidente que há uma pessoa tentando imitar a voz de uma pessoa com um pouco mais de experiência de vida e no início do jogo acaba quebrando um pouco da imersão dos diálogos, mas no fim das contas, pessoalmente, consegui me acostumar o suficiente para não atrapalhar a experiência.
O design e o visual do jogo são excelentes e o jogador de fato se sente estar nos confins do espaço, distante do nosso sistema solar. Dessa vez a Telltale escolheu usar gráficos mais realistas ao invés do conhecido Cel-shading. Há de fato uma mistura estranha onde os personagens possuem características caricatas mas com texturas de peles mais realistas, e isso também é um impacto que pode fazer alguns jogadores e espectadores estranharem.
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Explorando destroços no vazio do espaço
Com um grande foco na narração, a jogabilidade aqui é simples mas suficientemente atualizada para os tempos atuais. Aqui você tem controles simples para andar nos destroços de naves e coletar recursos para a sua sobrevivência na nave Artemis.
O diferencial aqui fica na jogabilidade na gravidade zero, onde se você utiliza botas magnéticas para andar em ambientes sem gravidade, você pode se soltar das superfícies para atravessar passagens com obstáculos.
Aqui o problema fica para os jogadores de Teclado e Mouse no PC, como o cursor do mouse não é a todo momento centralizado na tela, o jogador nas primeiras horas irá se deparar com uma câmera confusa, e que pode até causar problemas para quem estiver assistindo uma transmissão do jogo, pois o jogador pode perder a noção do controle de visão. Então utilizar um joystick é recomendado, só que o jogo peca pela falta de suporte a outros controles além dos de Xbox.
A trilha sonora do jogo faz um trabalho excelente de imersão. A curiosidade fica pelo fato de que o tema principal da série está presente também no jogo. Aqui ela sabe os momentos certos de solidão, tensão e momentos de alívio.
Jornada em pequenos pedaços
Um ponto muito diferente dos jogos anteriores da desenvolvedora, é que The Expanse tem capítulos bem curtos. Até o momento há apenas dois episódios disponíveis que possuem até duas horas de duração, isso se o jogador ficar extremamente perdido tentando procurar os objetivos opcionais e explorar cada canto dos cenários. Os que querem apenas ver o que acontece depois podem concluir cada episódio com em média uma hora.
Não vejo isso como um problema, pois isso pode permitir uma maratona dos episódios para que o público do streamer relembre dos acontecimentos e então ficar a par do que acontece no último episódio.
O que aqui também leva para a questão das decisões importantes que precisam ser tomada. Por ter uma duração menor, também há menos decisões a tomar e que podem mudar o curso da história, gerando então menos mudanças na história e reduzindo o fator replay para os fãs do gênero.
Outro problema que é gerado na curta duração é que fica muito óbvio como o jogo é dividido em cada episódio. Quem está assistindo vai saber que há o tempo da história, o tempo da exploração e a conclusão do episódio. São todos bem divididos de uma forma não natural, o que para quem quer ver apenas a história, as partes de exploração pode dar a sensação de serem desnecessárias.
Mas no fim, mesmo com esses detrimentos, The Expanse: A Telltale Series é uma experiência muito boa e merece ser acompanhada. O jogo até o momento não apresentou nenhum problema técnico que possa atrapalhar a experiência do jogador e dos espectadores, assim não apresentando quaisquer desafios técnicos para quem quer mostrar o jogo para o público.
The Expanse: A Telltale Series
Conclusão
Mesmo com alguns problemas, The Expanse prende a atenção e até o momento é uma viagem muito interessante que gera expectativa e deixa o público curioso. A vantagem do jogo é que os episódios irão demorar menos para serem lançados, assim fazendo com que o interesse não caia no esquecimento.