Scorn: ambientação extravagante e história misteriosa, mas não impressiona em gameplay
Um elemento interessante para diversos jogos, sendo o foco principal ou não, é a narrativa em si. Histórias bem contadas engajam qualquer jogador e, quando são pontos de interesse e abordagem em uma stream, também podem servir como engajamento de uma transmissão. “O que será que vai acontecer a seguir?”, se perguntam tanto os espectadores quanto o streamer, fazendo com que a curiosidade se torne um ponto em comum para que a progressão se sustente e o público continue interessado.
Em estilo de jogo em si, eu particularmente fico muito intrigado com jogos que conseguem contar uma história sem dizer uma palavra sequer ou desenvolvem suas próprias linguagens, assim a gameplay e a progressão do jogo são a forma de contar essa história.
Clássicos indies como Limbo e Inside, do estúdio Playdead, um belo metroidvania explorativo como Hyper Light Drifter e narrativas comoventes como GRIS. Todos esses jogos estão no campo dos jogos de plataformas em 2D, enquanto Scorn constrói uma história sem dizer uma palavra em um cenário em 3D, onde o ambiente ao redor é ainda mais interativo, tal qual um personagem importantíssimo para a construção da história do universo do jogo.
Sobre Scorn
Scorn é um jogo de horror com ambientação bizarra, com locais que lembram organismos vivos, quase como se você estivesse dentro de uma criatura, possui puzzles muito interessantes e que integram os cenários, os quais são necessários desvendar para progredir no jogo, mas, ao mesmo tempo, o jogo falha ao ter outros puzzles simplistas, um combate que parece criativo, mas nada funcional no quesito gameplay e também uma história que se entrelaça entre bons momentos mas um excesso de carga interpretativa.
Diversos jogos apelam para o recurso de interpretação e de visão de mundo do jogador, mas ao usar esse recurso em excesso, faz com que o excesso de possibilidades e complexidades da narrativa, por mais bem construída que seja, se perca em um vácuo de roteiro que, ao mesmo tempo poderia ser profundo e repleto, só parece preguiçoso e vazio em alguns momentos.
O bom e o ruim
O público de stream se engaja com a história de Scorn, se envolve e fica curioso com a progressão do jogo, mas pode se decepcionar com a conclusão do jogo. Além disso, a frustração com o combate e a progressão inconstante do jogo pode gerar uma sensação de incompatibilidade em algumas partes.
O sentimento de decepção é inevitável, já que Scorn é um bom jogo que se perde em suas próprias ambições, tem uma das melhores ambientações de horror já vistas, te deixando apreensivo, aflito, temeroso e até mesmo com nojo em diversas situações, mas falha ao tentar chocar por chocar, não necessariamente por ser um jogo de narrativa fechada, mas sim por ter muitos vácuos abertos para interpretação onde, por mais bem construída que uma narrativa e universo seja, não convence um público ou um jogador quando a referência que você tem dessa história não é suficiente.
Em outros pontos, Scorn é um jogo curto, tendo entre 5-10 horas para finalização, e não oferece grandes motivos para ser rejogado, além de, por conta de seu preço-base, apesar de ser uma experiência singular, ser um jogo controverso, na minha opinião: ou quem jogou vai adorar, ou quem jogou vai ter seus questionamentos ao jogo.
Os pontos fortes estão na ambientação, uma parte dos puzzles, que são criativos, e na narrativa, enquanto os pontos fracos estão na gameplay de combate, nos vácuos de roteiro, falta de referência para sustentar o roteiro do jogo e outros puzzles, simplistas demais. Em questão de otimização, o jogo é surpreendentemente bem otimizado para os requisitos que possui e consegui jogá-lo tranquilidade durante livestream com pouquíssimos gargalos e gráficos no máximo. Porém, é importante notar que é um jogo que exige muito em questão gráfica e não vai rodar em qualquer computador.
Scorn está jogável com o Xbox Game Pass.
Scorn
Conclusão
Scorn é um jogo muito interessante, mas que decepciona. Seria aceitável se decepcionasse apenas na sua gameplay de combate e em alguns puzzles, mas também decepciona no que é um de seus pontos altos, a narrativa. Apesar de possuir essa abordagem subjetiva e reflexiva, é um jogo que ousa demais e não entrega totalmente em questão de roteiro. Sua única perfeição diz respeito aos cenários e ambientação, perfeitos e dignos de aplausos e que ajudam a sustentar o horror do jogo do início ao fim. Porém, não é o suficiente para engajar uma stream em sua totalidade ou fazer o jogador se interessar por comprá-lo.
Tenho 25 anos, produzo conteúdos na internet há 4 anos e gosto de jogos retrô, indies e sou fissurado por conhecer lançamentos. Tenho como meus jogos favoritos Donkey Kong Country 2, Super Mario World, Hollow Knight e Red Dead Redemption II, por exemplo. Gosto de experimentar de tudo e quanto mais, melhor, mas sem nunca largar os jogos que tanto amo!