Scars Above: Muitas inspirações, mas sem identidade definida
A humanidade sempre olhou para o céu, sempre questionando o que há além do nosso planeta azul. Outros mundos habitáveis? Novas formas de vida? É com essa premissa que “Scars Above” começa, como pontapé para os acontecimentos apresentados pelo jogo.
Além de uma jogabilidade de tiro em terceira pessoa, o jogo também mistura vários outros estilos durante toda a jornada para tentar dar um ar diferente para a aventura.
Está tudo mesmo no espaço
A história começa com uma cutscene explicando que um artefato misterioso, que eles chamam de metaedro, apareceu de repente na órbita da Terra e assim foi logo enviado uma equipe chamada SCAR (Sistematização de Contato com Alienígenas Racionais) para averiguar e descobrir o que é o artefato e o que de fato ele está fazendo ali.
A premissa é simples, mas funciona caso os desenvolvedores consigam aproveitar para apenas inserir o jogador para o que importa, que é jogar o jogo. Existe um tutorial antes da missão principal do jogo começar, mas é bem breve e logo já entramos na pele da protagonista que iremos controlar até o fim do jogo.
A protagonista, Kate Ward, é uma das integrantes do grupo que dá nome ao jogo e que se vê envolvida em estranhos eventos após o ocorrido com a nave espacial da equipe.
E após esses acontecimentos iniciais, é muito evidente as várias inspirações que o jogo buscou para se diferenciar. Logo de cara é perceptível a inspiração em “Returnal”, premiado jogo do estúdio Housemarque, onde o cenário inicial é cheio de mensagens crípticas e você é jogado ali sem muito entender, deixando um ar instigante juntamente com um ambiente sombrio e criaturas estranhas.
E adicionando mais coisas ao rol, temos também dispositivos que funcionam como pontos de salvamento para caso o jogador morra, volte para aquele local, lembrando bem a mecânica de jogos “Souls-like” mas aqui muito mais suavizada, visto que se você volta para esse ponto após morrer, não há muitas penalidades quando isso ocorre: aqui você não perde a experiência que acumulou durante o caminho e as munições de suas armas são repostas. E claro, também temos aqui itens de cura limitados que são recarregados a cada volta a esses pontos.
O progresso do jogo é bem linear e o jogador não tem muito problema de retornar em certos pontos da jornada para coletar upgrades para as armas que irá utilizar por todo o jogo. Armas essas que, apesar de apenas quatro, são bem variadas e o jogo brinca com os elementos de cada uma. Apesar de que você consegue obter a última já nos momentos finais do jogo e você pouco tem como aprender em que inimigos deve usar.
O melhor de Scars Above
A jogabilidade aqui é o melhor ponto de “Scars Above”, apesar de o jogo lhe dar uma arma branca logo de início, que logo se torna obsoleta. Mas até aí tudo bem, pois a jogabilidade com as armas de fogo é até interessante.
Infelizmente não dá para dizer o mesmo para a variedade de inimigos, que se resumem a uma baixa quantidade e chegando em outros biomas, temos quase apenas uma recolorização com habilidades e fraquezas trocadas.
Claro que o jogo também conta com equipamentos para dar mais alternativas de jogabilidade, como uma cura menor, um escudo para melhorar a defesa e um item que causa distração para que você saia do foco dos inimigos.
Entretanto, dizer que é o melhor ponto não significa que não possui problemas, pois quando a jogabilidade se mistura com a pouca variedade de inimigos, o jogador se depara com algo que não muda até o fim do jogo.
Você acaba aprendendo os padrões dos inimigos e o chefe final é até uma variação de um inimigo do jogo. Mas em contrapartida, “Scars Above” não tem nenhum inimigo com dificuldade desbalanceada e os níveis dos desafios que ele possui são até bons.
A história do jogo é bem simples e todas dúvidas que são apresentadas no início são explicadas. Mas aqui há um péssimo vício de usar jargões com termos sci-fi para tentar dar credibilidade aos personagens, mas são colocados de forma tão aleatória que são esquecidos.
Não que aqui seja um ponto negativo, pois o jogo se sustenta na jogabilidade, mas conseguir criar um enredo que instiga e questiona o jogador também é uma forma de prendê-lo no mundo do jogo.
Além disso, também faltou inspiração melhor na produção da trilha sonora, que por vezes se assemelha a “Mass Effect”, mas que fica muitas vezes confusa nos momentos do jogo. Não chega a ser também um detrimento, mas como um ponto que olho e percebo bastante nos jogos, esperava ao menos uma trilha sonora um pouco memorável.
Falta de polimento pode prejudicar
Até esse ponto, o que dá para dizer do que faltou para “Scars Above” foi um pouco mais de polimento. Há ideias interessantes no jogo e incluindo até o design da raça alien que auxilia a protagonista, mas que ganha pouco destaque na aventura até os momentos finais.
Com um pouco mais de cuidado, a Mad Head Games poderiam deixar a experiência um pouco melhor e com menos animações robóticas.
Com todos esses pontos, transmitir o jogo em livestream pode render alguns momentos interessantes para o público, arrancar algumas risadas e, no fim, gerar algum engajamento com a audiência usando referências das inspirações do jogo.
“Scars Above” não apresentou nenhum problema de desempenho e tecnicamente não deve gerar desafios para os jogadores transmitirem o jogo para o seu público. O título também tem disponível localização em Português do Brasil apenas nas legendas.
Scars Above
Conclusão
Scars Above não decepciona, mas não brilha no meio dos jogos existentes. Ainda posso recomendar que seja jogado em uma oportunidade mas a falta de polimento em várias animações do jogo e pouca variedade de inimigos podem fazer com que jogadores desistam da aventura no meio do caminho. Talvez com tantas inspirações e referências não houve um foco maior do que o jogo realmente queria ser.