ONI: Road to be the Mightiest Oni tropeça, mesmo com sua linda arte
Um dos contos mais famosos do Japão é a lenda de Momotaro, um garoto que veio à Terra em um pêssego gigante que junto de seus companheiros animais (um macaco, um faisão e um cachorro), parte para a ilha de Onigashima para derrotar os demônios.
“ONI: Road to be the Mightiest Oni” aproveita dessa premissa e de uma forma criativa consegue fazer um jogo com artes lindas que em momentos parecem ter saído de uma pintura.
ONI: O caminho para ser o mais forte
Aqui você controla Kuuta, o único sobrevivente do clã dos demônios de Onigashima, que acaba escapando e indo para a ilha de Kisejima para se fortalecer e se tornar o mais forte. Nesse meio tempo o personagem vai interagindo com outros e fazendo amigos e revendo antigos aliados. É uma premissa simples mas que funciona no início, como uma promessa de que algo maior vem à frente.
E há certo carisma nos personagens, que conforme o jogador progride no jogo, vão revelando mais informações sobre si e aumentando os laços de amizade. Sem falar que o design dos personagens ajuda bastante.
Aproveito também para dizer que “ONI” possui três capítulos de mangá (com título de ONI: Road to be the mightiest Oni Zero) que explicam um pouco mais sobre os eventos que precedem o jogo.
A jogabilidade é bem simples: você possui uma arma, habilidades especiais e a possibilidade de se esquivar e controlar seu companheiro, aqui chamado de Kazemaru. Os combos se resumem apenas a apertar o botão de ataque e só mudam com a troca da arma. Há também outras habilidades para que o jogador alcance locais inacessíveis no início e também uma montaria para agilizar a exploração da ilha de Kisejima.
A repetição lhe persegue
Se por um lado temos lindos cenários, uma jogabilidade simples mas que funciona e personagens carismáticos, por outro temos problemas que podem afastar os jogadores.
Já quando você chega na ilha, você é recebido com uma trilha sonora que é diferente. Se o conto de Momotaro é algo bem antigo, a trilha sonora faz o contrário e coloca músicas de estilos bem atuais, como se tivesse querendo fazer uma dissonância.
A ideia é excelente, mas o resultado são músicas que se repetem e acabam por às vezes forçar o jogador a reduzir o volume das músicas do momento de exploração. Não notei esse problema nos momentos de batalha, mas o fato de o jogador passar mais tempo explorando do que batalhando contra os inimigos faz com que ele perca parte da experiência do jogo.
E falando de batalhas, outro ponto negativo é o jogo colocá-las em instâncias e não em seu mapa aberto. E infelizmente não há grandes variações, tudo se resume a entrar em missões e atacar inimigos até derrotar todos.
“ONI” até tenta colocar inimigos que tem um padrão diferente de ataque, um tamanho maior ou que têm alguma resistência para diminuir essa repetição, mas infelizmente falha. Exceto nas lutas contra chefes, que oferecem um pouco mais de desafio e saem dessa sina. Essa repetição, claro, pode acabar deixando a experiência de uma live stream um pouco cansativa, tanto pro streamer como para sua audiência, que não verá muitas novidades no decorrer da aventura.
Aqui cabe ao streamer tentar formas mais pessoais de interação com seu público, para não deixá-lo perder o interesse na transmissão.
Problemas técnicos
Todos os problemas que relatei podem ser relativos de jogador para jogador, mas uma das maiores falhas do jogo fica na parte técnica.
Joguei a versão de PC e o jogo por si só não apresenta nenhum desafio para ser executado, mas há um problema muito sério com a versão dessa plataforma e que não está presente nas versões de console, ao menos não na mesma severidade.
O jogo facilmente roda em altas taxas de quadros, mas há um problema com os cenários de fundo que ao movimentar a câmera acabam por incomodar bastante, como se não houvesse qualquer estabilidade na taxa de quadros do jogo.
Os desenvolvedores disponibilizaram atualizações para que seja possível limitar a taxa de frames mas nenhuma das opções de fato resolvem o problema. Inclusive utilizar a opção de “sincronização vertical” só agrava mais essa questão e tudo isso pode até afastar os jogadores, streamers, que terão maiores problemas em suas transmissões, e até mesmo a audiência, que pode acabar não gostando tanto do que vê.
Em live stream, o jogo tem potencial para engajar o público por sua bela arte e com a semelhança do estilo visual com outros jogos famosos, mas infelizmente o jogo só conta com localização para o inglês, japonês e chinês.
ONI: Road to be the Mightiest Oni
Conclusão
ONI: Road to be de mightiest Oni falha nas repetições extremas na jogabilidade e na parte técnica sonora. O jogo possuir simplicidade em todo o seu conteúdo não é um problema, mas aqui parece mais um jogo protótipo que de alguma forma foi apresentado e lançado como um produto final.