The Callisto Protocol: Uma joia bruta que precisa (de muito) polimento
Em dezembro de 2020, no meio de um pedido coletivo dos fãs dos jogos de horror pela volta de “Dead Space”, eis que a Striking Distance Studios, estúdio composto por quem trabalhou na série de horror desenvolvida pela antiga Visceral Games, revelou um trailer empolgante de seu novo jogo: “The Callisto Protocol”. Jogo que então seria como um sucessor espiritual da série “Dead Space” mas em uma nova ambientação, com gráficos impressionantes e, claro, sem faltar com a promessa do retorno das mortes viscerais e do horror característico da fonte original.
Mas depois de dois anos de sua apresentação, “The Callisto Protocol” entrega o que promete?
Gráficos detalhados e som andam lado a lado
Logo de cara, o jogo mostra gráficos impressionantes. São inúmeros detalhes para encher os olhos dos jogadores mais exigentes e caçadores de pixels. Os modelos dos personagens são muito detalhados e as cutscenes são o ponto mais alto do jogo, que mostram o cuidado dos desenvolvedores em se mostrar da melhor maneira possível. O jogo também conta com suporte a efeitos de Ray Tracing para sombras e reflexos para melhorar ainda mais sua ambientação sombria.
E claro que para um jogo feito pelos criadores de “Dead Space” não poderia faltar modelos de personagens e inimigos detalhados, desmembramentos e mortes explicitamente violentas, que nesse jogo receberam uma atenção ainda maior.
O trabalho de áudio também está à altura: Quando passeando pelos cenários, tudo faz algum ruído e a todo o momento o jogo tenta colocar o jogador na ponta da cadeira, talvez tentando se preparar para algo que possa estar à espreita. Utilizar um fone de ouvido é quase que obrigação.
Em resumo, a escolha artística do jogo é impressionante, ainda mais levando em consideração o cenário em que o jogo se passa.
Uma breve curiosidade: “The Callisto Protocol” iria se passar no mesmo universo de “PUBG: Battlegrounds”, mas os desenvolvedores desistiram da ideia e resolveram manter o jogo em seu próprio universo.
Sensação de Déjà-vu
Mas se a experiência audiovisual eu diria que é excelente, o mesmo não pode ser dito de vários outros fatores presentes no jogo.
Após uma breve abertura mostrando alguns eventos, você entra na pele de Jacob Lee que está com seu parceiro Max Barrow, transportadores contratados pela UJC (United Jupiter Company). Ambos se preparam para fazer uma última entrega, na prisão de Black Iron em Calisto, depois de passar em Europa (ambas luas de Júpiter).
Após isso, a história de “The Callisto Protocol” é bem simples e chega a ser previsível em muitos pontos da trama. Apesar do excelente trabalho de atuação do elenco que conta com atores famosos que dão as vozes e a captura de movimentos aos personagens, como Josh Duhamel na pele de Jacob e Karen Fukuhara na de Dani, você anda pelos corredores de Black Iron notando muitas semelhanças com vários jogos conhecidos além de “Dead Space”. Não chega a ser desagradável, mas para quem estimou que este jogo seria algo completamente diferente, pode se decepcionar nesse ponto.
A jogabilidade tenta se diferenciar, colocando um foco maior no combate com armas brancas, com um esquema de esquiva e defesa. Mas o que, na minha experiência, não chega a ser um problema, para outros isso pode ser um detrimento.
Combate reduzido, com inimigos extremamente fortes
O jogo também parece conhecer suas limitações e, na sua dificuldade normal, segura a mão em colocar inimigos, às vezes parecendo um medo de tornar a experiência frustrante, já que os inimigos são por vezes ágeis e alguns causam danos absurdos.
Já as armas de fogo aparecem um pouco mais tarde no jogo e podem oferecer uma variedade de combate e defesa. Ambos os tipos de armas podem ser melhoradas nas lojas do jogo desde que o jogador colete sua moeda corrente interna.
E não poderia faltar o GRP (Gravity Restraint Projector), que é uma luva que pode manipular gravidade, mas que no jogo basicamente só tem funcionalidade de puxar e empurrar objetos e inimigos. O seu uso chega a ser muito importante, pois os corredores de Black Iron estão cheios de paredes com espinhos e mecanismos que podem ser utilizados para derrotar os inimigos. Aqui, isso é um ponto positivo da jogabilidade, pois o GRP, além de se auto-recarregar, com os upgrades ele pode se tornar uma arma letal nos corredores perigosos da prisão.
”The Callisto Protocol” tem uma experiência divergente
E se por um lado “The Callisto Protocol” possui gráficos excelentes e uma jogabilidade já há muito tempo conhecida, por outro a experiência pode ser arruinada por seus problemas técnicos que existem até hoje em algumas plataformas, até mesmo agora no momento dessa análise, depois de vários patches com correções.
O fator replay do jogo pode acabar se resumindo apenas para conquistas, visto que mesmo com o recente modo New Game+ adicionado em uma das últimas atualizações e sem áudio em português (o nosso idioma está presente pelo menos nas legendas), é difícil convencer o jogador a voltar ao jogo, carecendo de conteúdo além do que é necessário na história principal.
Mas e para streamar? Se optar pela versão de PC, transmitir o jogo em livestreaming pode oferecer barreiras técnicas e irá depender de seu hardware, principalmente da sua placa de vídeo, podendo ser necessário reduzir um pouco a qualidade gráfica do jogo. Utilizar um SSD reduz os loadings e os problemas com algumas animações do jogo, então considere instalar o jogo em uma unidade desse tipo.
Entretanto, pode ser um jogo que pode prender o espectador, apesar de seus clichês e de um roteiro previsível. Minha experiência pessoal foi positiva e só posso torcer que em uma possível continuação, a Striking Distance Studios aprenda com os erros do jogo e traga uma sequência que supere o material de origem.
The Callisto Protocol
Conclusão
“The Callisto Protocol” pode ser uma boa experiência para novos jogadores, porém decepciona fãs de longa data de franquias como “Dead Space” com seus problemas de performance, jogabilidade pouco diferenciada e história clichê. O ponto alto fica nos gráficos e elenco, mas talvez a produção de Striking Distance Studios se preocupou demais em parecer com “Dead Space” e se esqueceu que poderia alcançar novos ares criando algo somente seu.